Pra começar a discutir sobre este assunto, sempre tão delicado, aqui vai a oração da Gestalt-terapia.
“Eu faço minhas coisas, você faz as suas
Não estou neste mundo para viver de acordo com
[suas expectativas
E você não está neste mundo para viver de acordo
[com as minhas
Você é você, e eu sou eu
E se por acaso nos encontrarmos, é lindo
Se não, nada há a fazer.” –
Fritz Perls
Quando eu li esse trecho, meu cérebro derreteu.
Não tenho ideia do número de aspectos em que esse trecho pode ser aplicado… pensando rápido, ele cabe para relacionamento amorosos, relacionamentos familiares, com amigos e até mesmo no seu trabalho… até com você mesmo, se levarmos em conta que a autocobrança excessiva (o que acontece com muitas pessoas) é algo que aprendemos a fazer quando precisamos nos adaptar a situações difíceis, que não queremos viver, mas temos que viver porque nossa única opção é sobreviver a ela. Absorvemos do outro algo que não é nosso. Estamos tentando atender expectativas que não são nossas, nos foram impostas.
Atualmente, temos uma cultura de cobrança muito forte, e pessoas diferentes podem encarar essas cobranças de maneira diferente. Algumas sentem aquela pressão para serem bons filhos, bons pais ou mães, bons namorados, trabalhadores exemplares, estudantes excepcionais… mas de onde vem tudo isso?
Se você é uma pessoa que sente uma pressão muito forte pra ser um bom filho ou filha (insira aqui qualquer tipo de relacionamento em que você sinta a mesma coisa), desde quando você sente isso? Consegue se lembrar quando isso começou? Consegue se lembrar se essa cobrança foi feita verbalmente? Ou será que ela sempre ficou nas entrelinhas? A resposta que geralmente recebo no consultório é a segunda. Muitas expectativas que queremos atender nunca foram verbalizadas pelas pessoas que queremos agradar.
Ok, Ju, mas qual é o ponto central disso tudo? O que eu quero dizer é que existem pessoas que conseguem viver bem com esse tipo de coisa. Mas também existem pessoas que não sabem lidar com essa situação da maneira adequada. Às vezes, pais são exigentes. Namorados ou namoradas podem se tornar negligentes ou não nos dar espaço para um momento/atividade individual, chefes podem ser abusivos no ambiente de trabalho… até a vida acadêmica pode ser algo que causa sofrimento, e ele pode começar quando fazemos trabalho em grupo com os nossos amigos do dia a dia em sala de aula, sabe? As coisas nem sempre vão bem.
Não deixe que as expectativas de terceiros ditem sua qualidade de vida. Cuide de sua vida amorosa, profissional, familiar… e dialogue, caso você ache que uma dessas partes não esteja dando certo. O diálogo constante é a solução da maioria dos problemas em qualquer relação que mantemos. E uma coisa igualmente importante é analisar, caso alguém te diga que algo não está dando certo por causa da sua cobrança, afinal, todos nós estamos sujeitos a ter um papel em ambos os lados.
E, por fim, caso você não esteja conseguindo resolver essas situações sozinho, qual profissional é melhor procurar mesmo? Vocês já sabem qual seria a minha resposta…
AUTOR: JULIANA SANTANA RODRIGUES – CRP 06/145576.